Muitos fãs já devem ter esbarrado com Ao no Exorcist alguma vez na vida, dando chance para assistir-lo. Ao no Exorcist foi lançado em 2011 pelo estúdio A-1 Pictures e só em 2017, ele ganhou uma segunda temporada.
Só que não devemos apenas enaltecer seu anime, e sim também o mangá, que foi lançado um ano antes da primeira temporada de seu anime. Mesmo sendo uma obra muito famosa, o mangá talvez ainda não teve seu reconhecimento que merece como o anime teve ou outras obras shounens.
Mas mesmo assim, Ao no Exorcist consegue ser o pilar da revista da Jump Square. Um exemplo de número de vendas, no primeiro semestre de 2019, o volume 23 da obra conseguiu vender cerca de 330 mil cópias. É um mangá bem vendido mas ainda é comentado-se pouco.
Portanto, neste texto, vou enaltecer alguns pontos bons do mangá de Ao no Exorcist e citar alguns motivos para você dar uma chance para a obra, tanto para aqueles que só viram o anime e aqueles que nunca tiveram um contato com a história.
História de Ao no Exorcist
Ao no Exorcist, ou conhecido no ocidente como Blue Exorcist, é uma série de mangá escrito e ilustrado por Kazue Kato, autora onde já comentei sobre no meu texto de Mulheres envolvidas na indústria de mangás.
O mundo na história é dividido em dois, o mundo dos humanos e o mundo dos demônios. Qualquer demônio é capaz de passar a dimensão dos humanos atráves da possessão de um ser vivente no mundo dos humanos.
É comum também demônios que vagam entre o mundo dos humanos, mas só consegue ver-los quem já teve um contato direto com um demônio de qualquer nível. Para então deter esses demônios, temos um grupo chamados de Exorcistas. Pessoas que treinam para destruir demônios.
Portanto, a história conta sobre a história de Okumura Rin, um garoto que foi criado por um padre e vive sua vida dentro de uma igreja sem desconfiar que era filho de Satan, o deus no mundo dos demônios.
Seguimos acompanhando a história de Rin a partir que ele decide se tornar um exorcista. Ele não conta para ninguém sobre ser filho de Satan, ou seja, apenas seu irmão gêmeo, Yukio, sabe sobre a verdade, já que ambos sabem o terrível histórico de Satan e o impacto dele na sociedade dos exorcistas.
Sobre os irmãos, é dito na história que apenas Rin herdou o poder de Satan, tendo controle de chamas azuis. Vale ressaltar também sobre a Noite Azul, noite em que Satã matou um grande número de homens santos do mundo para possessão.
Ao no Exorcist é apenas um shounen de luta?
Sempre faço essa pergunta quando estou lendo algum mangá da demografia shounen. Além das lutas e ações, que é comum em animes e mangás shounens, o que mais aquela obra pode nos oferecer?
Ao no Exorcist, além das lutas, que acaba não sendo o foco principal da obra, consegue nos trazer uma história interessante e cheia de questionamentos e mistérios que vão sendo revelados aos poucos durante os arcos. E o interessante é como a história vai se desenrolando e esses mistérios vão sendo revelados e encaixados na história que estamos acompanhando.
Vale ressaltar seus personagens também. Rin vai ao treinamento de exorcistas e conhece outros personagens que acabam sendo importantes para a obra. Aos poucos vamos criando afinidade com eles e apenas no mangá, acabamos conhecendo sobre os passados deles e suas inseguranças.
Mas não são personagens que no momento que tem a chance, conhecemos tudo sobre eles. A autora gosta de deixar os leitores curiosos sobre alguns. Quando achamos que entendemos sobre eles, o personagem acaba fazendo uma ação que não esperamos. Isso acontece muito com os personagens Mephisto, e até o Shima, personagem que para quem assistiu apenas o anime, não sabe que ele vai ter tanto desenvolvimento no mangá.
Interessante citar as personagens femininas do mangá também, como Shiemi, Izumo e Shura. São personagens independentes e bem construídas. Elas não são apenas aquelas personagens que precisam ajuda do protagonista. Elas então merecem o devido destaque na história também, pelas histórias passadas apresentadas e como elas se portam em situações de risco, onde em certos momentos, chegam até lutar.
O mundo criado por Kazue Kato para o mangá de Ao no Exorcist é muito bem feito. O grupo de exorcistas consiste em uma grande política bem feita. Os debates que eles têm sobre Rin ser filho de Satan são importantes, necessários e bem interessantes.
Os questionamentos internos de Rin e Yukio
Por mais que a história nos apresenta um mundo bem construído, personagens interessantes para acompanhar e seus conflitos com os demônios, o que mais gosto de Ao no Exorcist e chega a ser o ponto principal da obra, são os conflitos internos dos dois irmãos.
Temos Rin, que herdou as chamas azuis de seu pai, Satan, e que aos poucos precisa entender seu destino. Então, na história, ele precisa entender como controlar as chamas azuis e não deixar ninguém ver seu poder, já que a grande maioria dos humanos ligados ao mundo dos exorcistas sabem que a chama azul é a maior característica do demônio Satan, por conta da Noite Azul que citei acima. Rin então é visto por a grande maioria dos exorcistas com descrença, por conta das marcas que a Noite Azul deixou.
Rin é um garoto delinquente e isso é mostrado logo no começo da história. Por outro lado, Yukio é um garoto certinho. Não se envolve em confusões e sempre quis seguir os passos de seu tutor, o Padre Fujimoto, que é também se tornar um exorcista.
Falando um poucos sobre os irmãos, eu gosto é que cada arco, os dois são colocados em situações diferentes onde ambos acabam repensando sobre quem eles são. Enquanto Rin tem todo um questionamento sobre ter herdado o poder de Satan, de ter que esconder isso para seus amigos… Já Yukio precisa entender sua capacidade, que ele não precisa proteger seu irmão para sempre e como ele pode ser mais fraco que Rin.
É interessante também como às vezes eles se confrontam por coisas banais, porque afinal, eles são irmãos. Ou também em momentos mais sérios. Tem um momento que Yukio chega a Rin e disse que Mephisto pode falar sobre a mãe deles, Rin diz que não queria pois não era o momento. Yukio fica desanimado e desapontado com o irmão.
Então, o mangá, por mais que aborda todos esses temas interessantes, ainda é uma história em que estes personagens principais estão se conhecendo e se entendendo no meio de tanta confusão. Não só eles, como também os personagens secundários que estudaram com Rin para se tornarem exorcistas.
É um mangá que consegue trabalhar muito bem com a construção de personagem, ainda mais de seu protagonista. Vendo seus altos momentos e baixos. Acompanhamos Rin em seus grandes problemas por ser filho de Satan e como seus amigos o tratam por conta disso.
Portanto, dê uma chance ao mangá de Ao no Exorcist
Já encontrei muitas pessoas questionando como Ao no Exorcist não tem tantas lutas e acaba sendo sem graça. O mangá leva mais ao lado da construção e inseguranças de seus personagens diante de um mundo com problemas já que precisam combater esses demônios.
Kazue Kato consegue trazer uma história bem construída e evoluindo seus personagens no momento necessário. A cada arco, queremos saber os segredos que a obra tem e só que quando são revelados, acabamos não sabendo reagir.
Para quem quer assistir o anime, precisa-se saber que final da primeira temporada infelizmente é filler. O anime foi anunciado com pouco conteúdo de mangá, então o anime acabou chegando rapidamente no mangá e precisou ter um final diferente. Mas acaba que sendo poucos capítulos que não foram adaptados. Já sua segunda temporada é totalmente fiel.
E mesmo você dando uma chance para o anime, ou já assistiu o anime, leia o mangá. Seus arcos só tem uma grande evolução na trama que não conseguimos parar de acompanhar, onde chegamos até que ficar chateados por ser um mangá mensal.
Ao no Exorcist recentemente está sendo publicado pela editora JBC aqui no Brasil. Acabei achando necessário escrever esse texto que, por mais essa obra seja bem vendida, onde também está em lançamento aqui no Brasil, ainda é pouca falada entre os fãs e pouco mencionada por influencers de animes brasileiros.