O mercado de mangás é amplo o bastante para nos dar opções de todos os gêneros imagináveis, assim como quantidade de volumes. Temos histórias gigantescas como One Piece, Detective Conan, Hajime no Ippo e outros, mas também temos o lado completamente oposto: os mangás de volume único.
Há autores que são muito bons no que fazem, desde que não alonguem tanto assim a história, assim como mangakás que gostam de criar histórias curtas por conta do plot caber melhor possuindo poucos capítulos. Os volumes únicos trazem histórias breves, mas que podem nos impactar demais. No Brasil há uma boa quantidade de mangás de volume único e esse texto aqui vai servir para você saber por onde começar.
Mangás de volume único são ótimos para dar de presente ou simplesmente para quem quer começar a ler quadrinhos japoneses sem gastar muita grana. Comprar mangá curto na verdade é o melhor custo-benefício para os colecionadores iniciantes. Ainda pretendo fazer outro texto com mangás de até 5 volumes e mangás um pouco mais longos, mas não gigantescos, que passam de 50 volumes.
Enfim, não me alongando tanto, listarei apenas 5 mangás, mas como já disse, todas as editoras brasileiras possuem mangás de volume único. Desde mangás de terror (Fragmentos do Horror, de Junji ito), até drama romântico (HAL), passando por mangá histórico (Hiroshima), espacial (A Voice of a Distant Star) e de histórias curtas (Wanted).
O grande benefício de todas elas é que são muito mais fáceis de achar para comprar em lojas online ou mesmo sebos, pois dificilmente um mangá de volume único fica raro e com preço abusivo. Se tem uma coisa que recomendo com força, essa coisa se chama mangá de volume único!
Diferenças entre volume único e one-shot
É normal as pessoas terem essa dúvida, mas a diferença é simples. Um one-shot não significa necessariamente que ele estará fechado em um volume de mangá. Pois uma história de one-shot no Japão é vista como de único capítulo, e não volume.
Os one-shots são muito famosos no Japão para mangakás novatos ou que querem aprovar uma nova história em uma revista. Os prêmios mais famosos de mangakás são de revistas shonen, mas todas as revistas trabalham com esse formato de história curta, entre 30 a 50 páginas.
Caso uma história seja premiada, ela é adicionada na revista semanal/mensal/trimestral para os consumidores lerem. Se a aceitação for boa, essa história se torna um protótipo de uma história contínua, que vira uma série de fato na revista. Essa história curta é que chamamos de one-shot.
Acontece que têm mangakás que acabam fazendo fama e que possuem alguns one-shots já publicados nas revistas. Após algumas análises e planejamento, a editora reúne todas essas histórias em uma antologia. Então esses one-shots vão para um mangá completo, que pode receber até 10 capítulos, dependendo do tamanho de cada história.
É o caso dos mangás “Mashima-en”, do Hiro Mashima. A JBC publicou os dois volumes que reúnem vários one-shots do Mashima na época que pensava em fazer Rave Master e Fairy Tail. Lendo cada história é possível ver as inspirações (meio aleatórias, mas ainda inspirações) do Mashima, que podem até se transformarem em ideias próprias para outros mangás do autor.
É o mesmo caso de Wanted, de Eiichiro Oda. Antes de publicar One Piece, Oda fez vários rascunhos de histórias – um deles o que conhecemos por Romance Dawn, que é o protótipo de One Piece – e depois de alguns anos já publicando One Piece, a Shueisha resolveu reunir todas essas criações em um mangá de volume único.
Portanto, resumindo: nem todo one-shot é um volume único, porém ele pode eventualmente fazer parte de um. Já um mangá de volume único possui capítulos e outra organização para contar uma história. Enquanto um one-shot é corrido, não tendo nenhum corte de capítulo, o volume único já possui essas quebras.
Pode acontecer de ouvirmos ou lermos volume único e one-shot como sendo a mesma coisa, mas é importante diferenciar uma coisa da outra, pois pode acabar confundindo. Mercadologicamente falando, melhor chamar volume único do que one-shot.
Os mangás de volume único podem conter entre 3 a 10 capítulos, dificilmente passando disso, respeitando um limite de quantidade de páginas. Também não é considerado mangá de volume único edições especiais de mangás já publicados. Por exemplo: um mangá que originalmente foi lançado em três volumes pode ser famoso tanto quanto outros mangás. Esse mangá possivelmente, anos depois, pode receber uma edição especial, com um tomo único, reunindo os 3 volumes originais.
As edições especiais podem ser chamados de: aizōban, bunkoban, kanzenban, shinsōban, sōshūhen e wide-ban. Cada tipo de edição tem extras diferentes, capas diferentes, são rearticulados para a história caber em menos volumes e assim por diante.
As recomendações de mangás de volume único
Antes de mais nada é importante saber que todas as recomendações já foram lançadas no Brasil, e podem facilmente ser adquiridas em grandes eventos, lojas online e grandes revistarias. Sebos também.
Só você pode ouvir (Kiminishika Kikoenai)
O autor de Another (rs) conseguiu sua fama com sua história de suspense, mas particularmente acho esse o seu único mangá acima da média. A JBC praticamente publicou tudo de Hiro Kyohara, e esse mangá veio em 2014.
A história original é de um conto do escritor Otsuichi, e Hiro fez uma ótima adaptação para mangá em 2007. Inclusive, a edição brasileira possui um posfácio do próprio Otsuichi, explicando as referências e como escreveu essa história ainda no terceiro ano da faculdade.
Por ser uma história dos anos 2000, algumas tecnologias são datadas, mas a ideia da história permanece atemporal, então não tem nenhuma barreira de gerações ao ler a história. É um mangá de drama, mas daqueles que deixa a gente sensível e reflexivo, mas não totalmente sentados de joelhos chorando que nem criança, ok? Podem ler sem medo.
Sinopse: Ryo, uma garota com muita dificuldade de se comunicar com seus colegas de classe, e que queria muito ter um telefone celular, já que todos têm um. O desejo é tão forte que ela começa a imaginar como seria seu “celular dos sonhos” em todos os detalhes. Até que ela se imagina fazendo uma ligação pelo celular imaginário. Mas alguém atende. Tem uma pessoa do outro lado da linha!
Gigantomachia
Toda vez que leio Gigantomachia (o que já rolou meia dúzia de vezes) eu fico fascinada com o universo que o Miura criou em apenas um único volume. Se existe fantasia e ficção boa em tão poucas páginas, certamente é Gigantomachia.
O mangá foi criado por Kentaro Miura, o mesmo autor de Berserk, em 2014, publicado pela Hakusensha. No Brasil, a Panini trouxe em 2015, numa edição bonita, viu? Eu nem sei direito o que dizer sobre a história, ela é simplesmente fascinante demais. O traço do Miura é maravilhoso e a história também é incrível. Você termina e implora mentalmente pro Miura continuar e fazer uma série disso.
Sinopse: 100 milhões de anos depois da “Grande Destruição”, a vida persiste em terras perdidas por humanos, humanos-demônios e uma massiva quantidade de criaturas lutando por sobrevivência. Com o Império de Olympus utilizando uma colossal besta para destruir seus adversários, apenas o gladiador Delos, a mística Prome e o titã Gohra podem trazer esperança para combater o genocídio e trazer cura para a Terra.
Helena
Tem mangá nacional aqui também. O mangá Helena é uma adaptação do clássico livro de Machado de Assis de mesmo nome, feito pelo Studio Seasons e publicado pela editora New Pop. Para facilitar a leitura dos não mangazeiros, a editora fez a leitura ser ocidental. Portanto, lemos como se fosse um livro.
A indicação não é pra fazer cota de mangá nacional, mas para mostrar uma ótima adaptação em quadrinhos, totalmente inspirado nos traços de mangá, mas também com pitadas de literatura brasileira. As tragédias românticas de Machado são peculiares e o Studio Seasons teve sucesso na escolha da obra.
Sinopse: Helena é uma jovem encantadora e cheia de segredos que é reconhecida como filha do conselheiro Vale em seu testamento. A partir do momento que entrar em sua nova casa, mudará a vida das pessoas que nela residem e, principalmente, o coração de seu irmão Estácio.
Vitamin
Meus sentimentos são muito confusos com Vitamin, pois a história é chocante e pesada, e eu até então não cheguei a ler a edição nacional, lançada pela JBC. Li apenas por scan e me marcou demais. É um mangá para gente entender dores de uma mulher que sofreu abuso sexual, a vida colegial e bullying.
Indico para mulheres, mas principalmente para homens, que precisam ter mais empatia quando falamos sobre estupro e machismo. Cada capítulo é um soco na cara, mas é aquele soco na cara que pode ensinar e muito no convívio em sociedade e numa palavra chamada: apoio.
O mangá é de Keiko Suenobu, também autora de Limit, um shojo também publicado pela JBC e que eu particularmente adoro também. Apesar de lançado em 2001, tem muita coisa atual nele. No Brasil chegou em 2015.
Sinopse: Sawako é uma colegial que acaba sendo vítima do próprio namorado, exposta para os colegas de classe de forma humilhante, e sofrendo bullying de várias formas possíveis. A consequência é uma espiral de sentimentos da qual Sawako tenta desesperadamente escapar.
The God’s Lie
História com pré-adolescentes sempre me chamou atenção, principalmente quando falamos de slice of life. The God’s Lie tem um cheiro de filme de Mamoru Hosada ou do Studio Ghibli, mas com um plot twist marcante demais e que deixa qualquer leitor surpreso. A Panini acerta nos mangás alternativos que traz, e esse aqui é um dos meus favoritos.
Mangá de Kaoru Ozaki, lançado numa edição bacanuda com orelhas em 2016, mas que originalmente foi lançado em 2013 no Japão pela editora Kodansha.
Sinopse: Na escola para qual Natsuru Nanao foi transferido, as garotas o ignoram. Certo dia, ele descobre o segredo de Rio Suzumura, uma colega de sala…Tardes de verão, um festival, um gato branco chamado “Tofu”. O último verão do primário. A aventura secreta dos dois vai começar.