As pesquisas de público e crescimento dos jogos digitais já existem há um tempo no Brasil, e veio com mais seriedade a partir de 2013, com a Pesquisa Games Brasil. Desde lá, várias estatísticas foram reveladas do nosso mercado e muita coisa cresceu. Na época, os PCs eram as plataformas mais utilizadas pelos gamers e hoje tudo mudou com os jogos mobile.
Na última pesquisa publicada do ano de 2018, os smartphones se tornaram a plataforma mais utilizada pelos gamers no Brasil (84,3%), tanto pela acessibilidade dos aparelhos quanto pelo preço dos jogos. A maioria dos jogos são gratuitos, mas o jogador pode fazer compras pelo aplicativo para ganhar itens extras e mais regalias.
Apesar da liderança, os consoles e o PC também são plataformas presentes no mercado, com participação de 46% pelos consoles e 44,6% pelos computadores. Além disso, nos últimos 3 anos, a pesquisa também demonstrou que a maioria dos gamers no Brasil são mulheres, liderando o mercado com 58,9% na última edição.
Isso significa várias coisas, e podemos partir dos dados para análises profundas do mercado, mas essa não é a intenção do texto. E sim mostrar que os jogos mobile estão crescendo, mais que os consoles e PCs. E isso tem muito a ver com a condição de consumo do brasileiro. Um console, como Playstation, Switch ou Xbox são artigos de “luxo” para boa parte das famílias.
E por quê? É simples, gastar entre R$1500 a R$2500 em um console que serve, majoritariamente, para jogar é um privilégio. Claro que os consoles hoje possuem mais funcionalidades, mas ainda assim é uma plataforma mais elitista se comparado com um smartphone.
Hoje os usuários precisam se organizar bem menos financeiramente para comprar um smartphone do que um console, até porque a funcionalidade de um celular hoje é muito importante para o dia a dia de qualquer cidadão. São muitas funcionalidades em um único aparelho, inclusive para acessar a internet diariamente.
Assim sendo, um smartphone médio já possui memória o bastante para ter diversos aplicativos, e os usuários conseguem dar um espaço para o entretenimento. Como carregamos o celular na maior parte do tempo, jogar também se torna uma rotina. Seja no ônibus para o trabalho, numa viagem ou mesmo em casa.
Jogos de console demandam mais tempo, demandam também lugar, porque não são todos os consoles que você consegue sair por aí jogando. E mesmo assim, sabemos que no Brasil há riscos de assaltos e a chance de perder um aparelho caríssimo.
Por todas essas questões, os jogos mobile são a porta de entrada para jogadores que não possuem dinheiro o bastante para montar um bom PC ou comprar um console, assim como de gastar com jogos de mais de R$200. Os celulares democratizaram ainda mais os jogos digitais, e agora a gente tem que aceitar essa realidade.
Jogos como Free Fire e Candy Crush vão ser cada vez mais comuns, e tem jogo para todos os gostos. Tem jogos de RPG, tem jogos de sobrevivência, puzzles, de cartas, música, moda, construção e todo o gênero que você imaginar.
Vou indicar 3 jogos mobile que tenho jogado bastante e me dedicado diariamente, cada um com propostas diferentes e que podem agradar usuários diferentes.
City Island 5
Todo adulto que nasceu na década de 1990 e cresceu no início dos anos 2000 com os primeiros jogos de PC (lá naquele Windows 95/98 mesmo), se amarrava demais em jogos como Sim City e Roller Coaster Tycoon. Construir cidades, parques e upar suas habilidades para ter mais prédios, mais brinquedos e abrir novos mapas.
A febre desses jogos só aumentou com o passar do tempo. Hoje tem jogo de é tudo que é jeito para construir coisas. Eu testei alguns, mas não me prendeu o bastante como foi com City Island 5. Como podem ver, o jogo já teve várias versões, e a cada ano tem uma edição mais atual e moderna para smartphones.
Assim como a maioria dos jogos mobile, City Island é gratuito para baixar e instalar, mas você pode gastar seu dinheiro para comprar baús especiais, mais dinheiro do jogo e moedas que abrem outras construções. Mas, não é como se você fosse também gastar mais de R$100. É possível gastar R$4 para ter mais moedas ou dinheiro, que já vão te ajudar bastante a ter construções raras e diferentes.
O jogo é baseado em 3 aspectos, que você precisa se atentar frequentemente: número de moradores, número de empregos e % de felicidade da população. O jogo te entrega em uma primeira ilha e logo depois também abre uma outra ilha sem custos do dinheiro interno do jogo. Mas o jogo possui muitas outras ilhas, que possuem terrenos diferentes.
Os terrenos indicam construções próprias para essas áreas. Por exemplo, uma pista de hóquei só faria sentido em uma ilha que tem um inverno rigoroso. Assim, essa construção é única para ilhas de neve. O mesmo acontece com ilhas desérticas, tropicais e lamacentas. É essa mecânica que faz o jogo não ser tão cansativo, pois você vai explorando mais o mapa e vendo construções diferentes.
A cada nível ganho, mais construções são abertas. É também um jogo que sofre updates com alguma frequência, então não é um jogo que fica lá esquecido pra sempre pela desenvolvedora. É o tipo do jogo leve, que você pode jogar em qualquer lugar e a qualquer momento.
Cooking Quest
Os jogos de criar seu estabelecimento, vender pratos exóticos e se tornar um verdadeiro chef também têm se tornado bem comum nos jogos mobile. Tem jogos assim de várias formas. Cooking Quest se diferencia por ser em arte 8 bit, bem nos moldes de jogo de game boy.
Com uma inspiração total da cultura pop japonesa, o jogo vai se desenrolando com você numa época parecida com a feudal e você acabou de fazer uma parceria com uma espécie de urso/coelho cozinheiro. Com essa parceria, você abre um restaurante itinerante, criando comidas únicas que caem no gosto dos cidadãos das vilas.
No início você consegue cozinhar pouquíssimos pratos. Mas, com ajuda de heróis que vão caçando espécies no mapa do jogo, você vai descobrindo novas iguarias. Assim, você vai crescendo seu restaurante, melhorando suas habilidades e conhecendo novas regiões. Há muitos ingredientes para descobrir, novos heróis que você pode ter a sorte de contratar, e itens para melhorar as habilidades dos seus cozinheiros e de seus heróis.
O jogo é totalmente repetitivo, mas o legal é você planejar sua estratégia de como vai conseguir novas iguarias e como vai gastar suas economias com o restaurante. Você pode melhorar o nível do seu restaurante itinerante, os cozinheiros, os heróis, e até abrir novas construções na sua cidade.
É um bom passatempo enquanto você está viajando, ou no descanso do trabalho. Você consegue resolver missões de forma rápida, mas tome cuidado, porque se viciar, você vai ver que está há horas jogando o jogo.
The Manga Works
Já falamos desse jogo aqui no Chimichangas, mas quero novamente indicá-lo porque ele é genial para quem curte o mercado de mangás no Japão. Aos usuários de Android, o jogo é relativamente barato: R$16. Pagando esse valor, você fica livre de propaganda em qualquer parte do jogo, o que é uma mão na roda.
Os jogos gratuitos, mesmo sendo muito bons, possuem esse pequeno ponto negativo: propagandas. Para você conseguir certos itens e pontos, você precisa ver uma propaganda de 15 a 30 segundos. A gente sabe que isso é um saco em qualquer plataforma, mas em jogos mobile isso é muito mais constante.
Porém, os jogos pagos de celular não possuem esse artifício, pois o custo inicial já banca o fator de não ter propaganda. Assim, The Manga Works, apesar de ser um jogo mais difícil de ser adquirido, é maravilhoso para quem possui condições e quer conhecer mais o mundo editorial japonês.
O texto linkado explica com muito mais detalhes cada ponto do jogo, mas a ideia é que você crie mangás que caem no gosto do público e, consequentemente, você fique mais famosa. A cada premiação, você conhece outras revistas maiores e com públicos-alvos diferenciados. Você tem um leque enorme de histórias que pode criar e a história vai mostrando os melhores combos que você pode fazer.
O jogo foca em criação de mangá. Não há muitas interações sociais e você vai ser sempre uma solteirona. Tirando isso, todas as etapas de criação são bem próximas do que realmente acontece no Japão. Há semanas tranquilas, e outras que são insanas. Ao mesmo tempo você tem que lidar com sua energia e sua criatividade, sempre saindo de casa para ver coisas novas.
Quanto mais você melhora, mais você consegue adicionar cômodos na sua casa, se mudar para uma casa maior, contratar assistentes e comprar artigos de decoração para sua casa. Cada item comprado te dá alguns bônus, como energia, criatividade, velocidade de criação e outros.
Você entra no jogo e acha que vai organizar apenas o personagem para um capítulo do mangá. Quando menos percebe, você já tá horas dentro do jogo tentando conquistar mais níveis e criar histórias diferentes. O jogo é bem leve para smartphone também e a arte gráfica é toda em 8 bits. É um charme, eu diria.