Assistir “Amnésia” é uma experiência incrível e se você não viu ainda, vou te explicar porque você deveria ver agora!

O cara que não se lembra

Filme de 2000, “Amnésia” é escrito e dirigido por ninguém menos que Cristopher Nolan. Além da incrível trilogia de Batman (2005, 2008, 2012), Nolan dirigiu também “A origem” (2010) e “Interestelar” (2014), filmes que ficaram conhecidos por explodirem nossas cabeças. Sendo assim, não poderíamos esperar menos do filme que alavancou o sucesso do diretor.

O filme narra a história de Leonard Shelby (Guy Pearce), que vive com um único intuito: vingar a morte da esposa. Mas, disfarçado apenas como mais um filme de ação, a história tem uma complicação maior. Leonard possui um distúrbio desde o dia em que a esposa foi morta. Ele sofre de perda da memória recente causada por um acidente enquanto tentava salvar a esposa. Leonard não pode guardar lembranças novas, o que eleva a dificuldade de suas investigações.

Mas nosso protagonista encontra uma saída para facilitar a sua vida e não cair nas armadilhas de sua memória. Com uma máquina polaroid, fotografa momentos e lugares, escrever nas fotos nome de pessoas, números e dicas. Tudo que possa ajudar a não começar do zero no momento seguinte em que se esquece. Além de, ainda, tatuar por todo corpo informações muito importantes para sua investigação.

Foto de polaroid anotado "Don't Believe his lies He's the one Kill Him"
“Não acredite nas mentiras dele. É ele. Mate-o.”

Mas por que “Amnésia” é tão diferente?

Já começamos entender que o filme pode mesmo ser interessante. Quero dizer, um investigador que não se lembra do que acabou de descobrir… Aí é que tá, Nolan quis ir ainda mais além. Por que não buscar uma linguagem totalmente inovadora em “Amnésia”? Por que não brincar com as memórias dos próprios espectadores também? E foi isso que ele fez.

O diretor e roteirista de “Amnésia” fez nada menos que inverter a narrativa do filme. Isso mesmo. “Amnésia” começa de traz pra frente. Logo na primeira cena temos Leonard matando alguém. A partir daí, com todos os acontecimentos voltando, ficamos instigados a descobrir se ele matou o cara certo ou não. Ou seja, somos colocados para juntar esse quebra cabeça da mesma forma que Leonard, sem ter certeza de nada.

São inúmeras cenas curtas que vão completando o início da cena anterior. “Amnésia” é diferente de tudo que já assisti, ao fim do filme, quando você descobre tudo, se pega querendo ver o filme de novo. E assisti-lo novamente é uma experiência completamente diferente da primeira.

Memória falha e fragmentação da narrativa em Amnésia

Linguagem e memória andam juntas e a partir do momento em que uma é tirada, a outra é completamente modificada. No caso de “Amnésia” o filme se transforma totalmente em fragmentos, são duas linhas temporais. Uma andando para frente (partes em preto e branco) e outra andando para trás (cenas coloridas) as cenas das duas linhas vão se intercalando.

Leonard no telefone em cinza demonstrando a linha temporal certa
Leonard na linha temporal ~cronologicamente~ certa em cinza

Essa escolha de narrar os passos de Leonard até o assassinato (ou do assassinato até a verdade) faz com que percamos as noções de temporalidade, a memória do protagonista falha de minutos em minutos, ele não sabe quanto tempo está a procura do assassino da esposa e tudo faz parecer o primeiro dia.

A verdade é que, apesar de confiarmos nos métodos de Leonard, no decorrer da história percebemos que ele não tem domínio do que é real ou não. Percebemos também que seus métodos até podem ser corrompidos. Passamos a desconfiar até mesmo do herói do filme.

“Amnésia” nos passa agonia por também fazer com que não tenhamos controle nem das nossas memórias, já que elas não foram dadas na ordem certa do filme como de costume. Somos colocados na pele de Leonard e é por tudo isso que esse filme é tão incrível.

Recomendação altíssima!!!

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