Houseki no Kuni (Land of the Lustrous) é uma animação japonesa voltada para os gêneros de ação, drama, fantasia, mistério e para a demografia seinen. Foi produzida pelo estúdio Orange (Beastars, Black Bullet), tendo sua estreia em outubro de 2017.

A direção ficou por conta de Takahiko Kyōgoku (GATE, Love Live!), enquanto o roteiro ficou à cargo de Toshiya Oono (Ao no Exorcist, Tsuritama, Yakusoku no Neverland). O respectivo anime é uma adaptação do mangá homônimo, da autora Haruko Ichikawa, lançado pela editora Kodansha em 2012.

O foco da atual postagem será para a obra televisiva, mas vale a lembrança de que a série escrita alcançou importantes conquistas. A primeira por ter sido indicada para o oitavo prêmio Manga Taisho (2015) e a segunda por ocupar o décimo lugar na lista de “Top 20 Mangás para leitores masculinos”, da Kono Manga ga Sugoi!

Phos e Rutile (Função: “médica/cientista”)

Quando Cinnabar e Phosphophyllite se encontram

A narrativa de Houseki no Kuni acontece em um futuro misterioso, onde organismos cristalinos chamados Houseki (Gemas) habitam um mundo que foi destruído por seis meteoros. Cada gema recebe um papel para enfrentar os Tsukijin (povo da lua), uma espécie que as ataca com o objetivo de usar as peças como decoração, ornamentos.

Phosphophyllite, conhecida como Phos, é uma jovem e frágil gema, que sonha em ajudar seus amigos nas guerras e lutas. No entanto, Phos é designada à função de compilar uma enciclopédia, em razão da condição delicada do próprio corpo.

Cinnabar (função: patrulha da noite)

Após aceitar a tarefa, mesmo que a contragosto, Phos conhece Cinnabar. Ela é uma gema inteligente que foi relegada a patrulhar uma ilha isoladamente, por causa do veneno corrosivo que o corpo dela cria.

Depois de ver como Cinnabar está infeliz, Phos decide encontrar um papel melhor para ela. A ideia é que a gemaa vermelha não se sinta mais rejeitada ou com uma função inútil. A primeira temporada foca bastante nessa tentativa de auxílio à Cinnabar, mas também mostra os esforços de Phos para ser útil e proteger todas as outras Houseki.

Alguns dos fragmentos de Houseki no Kuni

Uma das partes mais chamativas do anime é, com toda a certeza do mundo, a animação em 3DCG (computação gráfica). Tanto no sentido bom quanto ruim, posto que muitos deixam de assistir por isso.

No início, confesso que causou estranheza, mas mais para frente fui ficando apaixonada pela realidade e pelos detalhes proporcionados, tornando as jóias extremamente únicas, preciosas e bonitas. Inclusive, o design dos personagens foi desenvolvido por Nishida Asako (Love Live!, Vampire Knight), responsável por um magnífico trabalho.

Caso tenha sido uma das pessoas que sequer deu chance à Houseki no Kuni em razão do CG utilizado, recomendo repensar. Além do visual bonito, o enredo é interessante e muito diferente de tudo que já assisti.

Phos

Existe uma carga elevada de reflexões profundas sobre aspectos internos (quem sou? por qual razão estou aqui?, ou seja, existencialismo) e externos (universo e suas origens), bem como cenas de ação de encher os olhos. O primeiro aspecto acabou sendo uma surpresa positiva, pois em momento algum o espectador recebe a dica de que o anime terá esse peso emocional.

Também há grandes referências à filosofia budista, especialmente no surgimento dos Tsukijin (povo da lua) e no personagem chamado Kongou, que é o “sensei” das gemas. Tal simbologia se evidencia nas roupas, nas músicas, nos acessórios, na aparência e no hábito da meditação, por exemplo.

A formação de uma jóia completa

O conjunto acima já é suficiente para resultar em uma obra altamente atraente, capaz de despertar interesse e trazer um conteúdo original e criativo. Mas existem mais atributos dignos de reconhecimento e elogios.

Um deles é a música, com a trilha sonora tendo sido dirigida por Nagasaki Yukio (Akatsuki no Yona, Ao Haru Ride). A partir de nomes renomados, como YURiKA, Tomoyo Kurosawa, Yuiko Ohara e Fujisawa Yoshiaki, criaram um ambiente oscilante, ora pendendo para a melancolia ora para momentos fugazes de alegria. No fim, acertaram em cheio a cada melodia escolhida, desde a abertura até o encerramento de Houseki no Kuni.

Phos

Aliás, tudo parecia combinar e encaixar perfeitamente. Nesse sentido, pode-se destacar a escolha das cores, variando entre tonalidades vibrantes ou sombrias. A personalidade das personagens também parece assentar bastante com as cores e com as funções de cada uma na história, trazendo um ar de simetria, sentido e empatia.

Com isso, é criado um ótimo ritmo e desenvolvimento em relação à cada gema que ganha mais importância na primeira temporada. Quando elas se sentem ou agem de uma maneira, torna-se compreensível e palpável, então o espectador cria carisma e se coloca no lugar delas, realizando os mesmos questionamentos e provavelmente imaginando que faria o mesmo.

O futuro de Houseki no Kuni

Houseki no Kuni deixou ótimas primeiras impressões, com um final de gostinho de ansiedade, em que você não só pensa “quero mais”, mas que “PRECISA de mais”. Assim, é quase instantânea a corrida para o mangá, que conta atualmente com apenas 91 capítulos, sendo que o anime cobriu 31 deles, ou seja, curtinho e acessível.

Phos e Diamond (função: lutadora)

Outro ponto bacana para quem já é fã — ou até mesmo vai virar um —  é que a NEWPop, em 12 de julho de 2019, anunciou o lançamento do mangá em terras brasileiras, porém sem maiores informações. Resta esperar, enquanto isso, que tal dar aquela chance para o anime, mesmo não sendo muito fã de CG?

A verdade é que adorei acompanhar um pouco da história de cada uma das gemas “imortais” e sem gênero (!!!). Elas ofereceram originalidade, um espaço bom de debate e questionamentos e um universo completamente novo, mágico e inimaginável, despertando incredulidade e fascínio.

Espero sinceramente que Houseki no Kuni receba mais atenção e reconhecimento por aqui, e claro, uma segunda temporada seria mais que bem-vinda. Vamos ler enquanto aguardamos o anúncio, sim?

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