Agora que o Chimichangas possui um guia básico das editoras de mangás no Brasil, podemos finalmente falar um pouco sobre os mangás digitais, formato de produto bastante recente no país e que ainda precisamos discutir um pouco.
Os mangás digitais chegaram no Brasil no final de 2017, mais especificamente no mês de dezembro, pela editora JBC. Na época, a JBOX – outro canal jornalístico e de conteúdos sobre cultura pop japonesa – fez um vídeo resumindo toda essa vinda, tirando as principais dúvidas com o editor e supervisor Marcelo Del Greco e o gerente de marketing, Edi Carlos.
Desde lá a JBC tem uma lista até que bem interessante dos mangás que podem ser adquiridos digitalmente. Hunter x Hunter ainda está fora dessa lista, porém também terá versão digital, que foi anunciada ainda em maio de 2019. Como a lista é relativamente extensa, darei alguns exemplos dos títulos mais famosos que podem ser comprados.
- Boku no Hero;
- Ano Hana;
- Boa Noite, Punpun;
- Nanatsu no Taizai;
- Fairy Tail;
- Blame;
- Blue Exorcist;
- Knights of Sidonia.
O grande diferencial da JBC nesse novo mercado não foi apenas disponibilizar os volumes completos de títulos que eles já detinham, mas também criar uma nova forma de contratação dos direitos: por capítulos. Foi assim que eles trouxeram Eden’s Zero, fazendo capítulos semanalmente, como é lançado no Japão. Nanatsu no Taizai também já chegou a encostar com os lançamentos no Japão e agora a JBC faz o lançamento digital dos capítulos.
Quando os capítulos somam um volume inteiro (tankobon), a JBC também faz o lançamento físico, assim como qualquer um de seus títulos. Deu pra perceber que é um novo produto, diferente dos mangás que costumamos comprar na banca de jornal, por exemplo?
A JBC é a única editora que até então tem investido nesses formatos diferenciados. A Panini, mesmo sendo uma editora de maior peso, está ainda um pouco confusa com essa era digital. A editora trouxe alguns títulos para ebook, mas o grande problema foi comunicação. Sim, tem mangá que ela sequer deu um recado oficial em suas páginas nas redes sociais, imagina colocar uma observação em seus checklists (que estão em falta há uns bons meses).
Por isso, farei a lista completa de tudo que sei que é possível comprar na loja da Amazon, em formato epub (legível pelo Kindle e aplicativo Kindle).
- Assassination Classrom
- Alive (volume único)
- Aoharaido
- Bleach
- Jojo’s Bizarre Adventure
- Nisekoi
- One Piece (apenas os primeiros volumes)
- Ore Monogatari
- The Promised Neverland (apenas os primeiros volumes)
- Toriko
- Wanted
Justamente por ser específico é importante tirarmos todas as dúvidas. Por isso, resolvemos listar alguns benefícios de consumir o produto digital e não o físico. Mas, antes de mais nada, é importante explicar como a leitura digital funciona.
Como ler mangás digitais?
Sim, tem gente que não sabe bem como funciona esse método de leitura, também porque estamos muito apegados ao meio físico. Apesar de muitos acharem que só é possível ler mangá digital pelo Kindle ou pelo Kobo, estão enganados. O Kindle mesmo possui um aplicativo para celular, que qualquer usuário de iOS ou Android pode baixar na loja e fazer as leituras digitais por ele.
O mesmo vale para os tablets. Não é apenas o Kindle que possui aplicativo, o Kobo também, basta baixar o app Rakuten Kobo. Portanto, é possível ler os mangás digitais através de dispositivos móveis, via aplicativo. Não é uma obrigação ter um e-reader, apesar dele facilitar as vistas e ter outros benefícios, como não pesar a memória do smartphone/tablet.
Ao invés de ler o mangá piratex em agregador ilegal, é possível ler pelo celular e pagar mais barato do que o volume fixo (na maioria dos casos). Os capítulos de Eden’s Zero e Nanatsu no Taizai são mais em conta ainda, por ter menos páginas (óbvio). É sempre interessante que as discussões sobre comprar legalmente e oficialmente um produto há alguém que traz o “ditado” de que é para ajudar o mercado.
Porém dizer “ajudar o mercado” é algo extremamente vago. O que significa de fato consumir um produto oficial? A ajuda ao mercado não é simplesmente de forma financeira, de dar seu rico dinheirinho para uma empresa que pensa em lucro. Ajudar o mercado tem mais a ver com fazer parte dele como um consumidor, que pode opinar, procurar melhorias e cobrar por um produto profissional, ou seja, fazer parte do meio como um público ativo, que vira estatística.
A estatística não é uma forma de dizer que você virou um número. Você é um consumidor que merece respeito e pode opinar, porém para o mercado japonês, que é de outro país e que não tem condições de se aproximar de forma concreta de um mercado consumidor brasileiro. Digamos que eles precisam ter uma noção de quanto somos. 10 mil? 50 mil? 100 mil? Temos que lembrar que o mercado japonês é assíduo em leitura. As vendas de quadrinhos são surreais.
O Japão é um país que se importa com essas noções de números, até também para ter noções de contratos, de como atender a demanda desse mercado (e o Brasil é bem diferente) e assim por diante. Se consumimos ilegalmente, não fazemos parte de nenhuma estatística para eles. Não têm como eles saberem se vale ou não terem apresentações, eventos ou algo do tipo por aqui, por exemplo.
Enfim, por isso que a era digital pode facilitar um pouco a abertura de opções do nosso mercado. Não só por ser mais acessível financeiramente, mas por outros motivos.
É mais barato e mais fácil de achar
Em média, segundo informações do Edi Carlos e Marcelo Del Greco, o preço do mangá digital é de 20% a 30% mais barato que o formato físico. Como é em média, pode haver exceções e até casos em que a versão digital sai mais cara, mas não é o comum. Em uma época em que os mangás (desde os famosos até os mais alternativos) estão bem mais caros, ficando na faixa de R$18, R$22, R$25, procurar outras formas de leitura pode ser interessante.
Pode parecer estúpido dizer que o ebook é mais fácil de achar, mas a ideia é que o formato digital não esgota como o físico. A editora Panini, principalmente, ainda mostra muitas dificuldades de divulgar seus materiais digitais, porém na loja da Amazon não há muitas complicações para achar os volumes digitais.
(não, isso não me incomoda muito)
O volume 1 físico de The Promised Neverland, por exemplo, esgotou muito rápido e hoje não é nada fácil de achá-lo. Já o volume 1 em formato digital está lá disponível e mais barato. Obras mais antigas também passam por esse problema, como o clássico Bleach que ninguém mais consegue completar a coleção.
Não ocupa “espaço”
Sempre tem aquele colecionador que já não tem mais lugar para botar um único volume de qualquer coisa, seja mangá, HQ, livro. Imagina colecionar só histórias longas como One Piece, Naruto e similares? Não tem armário que aguente tantos volumes. Chega uma hora que a gente tem que ver se vale a pena priorizar as histórias físicas.
Com a existência do mercado digital tem como pesarmos um pouco as nossas decisões. Eu, particularmente gosto de colecionar os volumes físicos de histórias que sou muito fã. Outros mangás que acho bons, mas não sou lá tão fã, opto por comprar digital.
Porém, é preciso ficar de olho, pois a própria Amazon e o Kobo possuem uma limitação de memória na biblioteca. Tudo que você compra é seu até a plataforma acabar, mas para deixar ativo na biblioteca há uma limitação. Todos os seus livros e quadrinhos estarão disponíveis na nuvem da Amazon. Aparentemente os kindles mais recentes possuem memória interna de 4GB. A política da Kobo é muito similar a do kindle.
Os cuidados são mais simples
Assim como um celular ou um tablet e notebook, um e-reader é um aparelho que precisa de um certo cuidado para a tela não trincar, para não haver rachaduras e nem deixá-lo cair muitas vezes. Há capinhas protetoras para ele, mas não são muito acessíveis, não as de fato que protegem, e pode aí custar entre R$70 a R$100 uma de qualidade.
Porém, um mangá físico, além do preço que você paga por ele, você precisa ter cuidados ainda maiores. Primeiro porque o mangá brasileiro é relativamente frágil, qualquer queda amassa e faz um belo estrago. Na hora de guardar, é recomendável colocar em plásticos de polipropileno, que se for em grande quantidade, também não fica lá muito barato.
Os mangás com o tempo também tem suas páginas amareladas, além de correr o risco de traças, cupins e mofo. Por isso o ideal é sempre comprar os saquinhos anti-traças, e observar bem a madeira do armário, para ver se não está sendo alvo de cupins. Para o mofo o ideal é observar a parede em que vai estar o armário, porque se tiver infiltração de água, além do cheiro impregnado de mofo, vai estragar os mangás.
Essas dores de cabeça não existem com a leitura digital. Não é a mesma coisa que ler na folha física, de sentir as páginas, mas a gente também vive consumindo mangás de forma pirata que ainda não vieram para o Brasil e não reclamamos muito, não é? A leitura digital é uma questão também de costume, e pode virar uma aliada nesses casos.
Não estou dizendo que devemos consumir apenas literatura em formato digital, mas sim que o mercado digital trouxe algumas outras ponderações que podemos fazer na hora de escolher um produto. Eu mesma possuo uma coleção física muito maior do que a digital, mas estou aos poucos consumindo alguns livros e quadrinhos em formato digital e não tenho me decepcionado.
Aos que se interessaram pela proposta de ter um produto digital oficial, e quiserem ajudar o Chimichangas, acesse o link do banner abaixo e compre o seu mangá digital por ele!